sábado, julho 06, 2013

Olhando para os eventos no Egito em busca de reflexões


Rall

‘Na unilateralidade de afeto e emoção reificadas
Por frias normas sem ouvido pra’ belas canções
A morte do humano em trombetas é anunciada
E logo só nos restam fragmentos de sensações ‘.



"É preciso ficar claro que a derrubada de Mubarak, mesmo que haja eleições livres e limpas, ainda uma dúvida, não significa nenhuma “ruptura com o contínuum da história” (Walter Benjamin). As formas de dominação e sofrimentos poderão perpetuar-se e dificilmente haverá solução para o desemprego, cuja tendência é acentuar-se com a crescente automação da produção. A rebelião, porém, consolidando-se como movimento de resistência ao que está aí, tem importante papel ao tirar debaixo do tapete, forçando uma pauta, questões que incomodam os gestores da crise do 
capitalismo*”.

Os riscos estavam presentes nas primeiras barricadas do movimento dos jovens egípcios. Era de se esperar, a não ser a partir das análises obtusas à direita e à esquerda, que a rebelião no Egito poderia abortar. Antes mesmo das eleições, não havia expectativas, e nem se quer discussões sobre a crise global da qual essas rebeliões são filhas, que não restringisse as opções a uma teocracia religiosa no comando do Estado ou a volta da ditadura com o apoio do exército, agora clamada nas ruas pelas massas decepcionadas.

É o que de fato observamos. Primeiro, a teocracia eleita fracassou miseravelmente na tentativa de resolver os graves problemas sociais e econômicos desse País, com filantropias e medidas repressivas, principalmente contra as mulheres, em nome do Islã, como forma de esconder a sua incapacidade de resolver os problemas. Segundo, as manifestações puxadas por uma classe média laica empobrecida, pede agora o exército de volta ao poder.

Como fracassou o regime teocrático, pois não tinha respostas de como atender as mais elementares demandas da população, deve fracassar o regime agora sustentado pelo exército, que mais tarde ou mais cedo deverá usar as forças das armas para reprimir o movimento. As lutas que hoje se travam nas ruas, mantendo-se limitadas as questões do cotidiano que de forma alguma pode deixar de ser desconsideradas, não romperão os limites impostos pela gestão autoritária do capitalismo em crise.

O exemplo do Egito deveria servir para uma profunda reflexão dos movimentos em todo mundo, em particular no Brasil. Não bastam as lutas pelas questões imediatas ligadas a sobrevivência das pessoas piorada com a crise. É importante que se discuta como sair da crise olhando além da sociedade produtora de mercadorias, mesmo sabendo-se das implicações e das enormes dificuldades de se transcender criticamente esses limites. Manter-se nos problemas imediatamente sentidos é pactuar com os que não desejam mudanças profundas e aceitam que o sofrimento das pessoas e a barbárie tendam aumentar com as saídas até agora propostas, que beneficiam uma minoria inexpressiva no comando da economia e do Estado, como mostram as análises mais responsáveis. 


06.06.2013

Um comentário:

Anônimo disse...

Hi there, You have done a great job. I will certainly digg it
and personally recommend to my friends. I am sure they will be benefited from
this website.

Also visit my web page - dotties weight loss zone